segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O clima é de insustentabilidade climática


Carlos Limaverde
Arquiteto e Urbanista.

Com a revolução industrial intensificada nos anos de 1800 desencadeou-se uma série de transformações por todo o planeta. Estas transformações, por sua vez, intensificaram-se a partir da 2° Guerra Mundial, onde ocorreu um grande crescimento urbano e industrial. Diante desse cenário, marcado pelo progresso e pela urbanização das grandes cidades, surgiram vários problemas, como por exemplo, as modificações climáticas. A atividade humana sobre a natureza, a grande quantidade de veículos, indústrias, prédios, o asfalto das ruas e a diminuição das áreas verdes acarretam profundas mudanças na atmosfera local, o que vai contribuir para modificar a temperatura, as chuvas da região e, também, a direção e a Velocidade dos ventos.

ILHAS DE CALOR
Ilha de calor é uma anomalia térmica, onde o ar da cidade se torna mais quente que o das regiões vizinhas. É o aquecimento de uma camada de ar mais próxima ao solo provocado pela grande quantidade de poluentes na atmosfera, principalmente devido à emissão de dióxido de carbono. Podemos também relacionar ao fato de o centro da cidade apresentar uma taxa de alta de calor, enquanto na periferia apresentar uma taxa bem mais reduzida. Estamos falando de uma variação de 3 a 5 graus centígrados.
As causas para a formação de uma Ilha de calor são também derivadas da utilização dos aparelhos de ar condicionado, dos refrigeradores, da fumaça dos automóveis, e fumaça das indústria, promovendo emissões de partículas na atmosfera, ensejando a alteração da qualidade do ar.

Por outro lado, a grande concentração de edifícios, que impede a chegada de energia na superfície e também em função das propriedades térmicas dos materiais urbanos, o calor é rapidamente absorvido durante o dia, mas facilmente liberado durante a noite, gerando uma grande amplitude térmica. Estamos aqui também argumentando que a desorganização urbana, da superpolução provocada hora pelo êxodo rural, hora pelo crescimento vegetativo dos habitantes também é fator de insustentabilidade nas cidades. A supressão da vegetação urbana, o Fortalezense adora cortar árvores, também contribui para a diminuição da umidade no ar causando à redução da evapo-transpiração aumentando a sensação de calor, sem contar ainda com o aterramento das lagoas e a ocupação das matas ciliares dos nossos sofridos rios. Para alguns este fenômeno passa a se chamar efeito estufa equivocando-se quem assim pensa devido o efeito estufa ser um fenômeno causado pela retenção do ar quente em camadas mais elevadas da atmosfera.

Como vimos, o fenômeno da ilha de calor está associado aos maiores índices de poluição da atmosfera. Este fato permite a ocorrência de doenças respiratórias, riscos fatais, principalmente em pessoas que possuem problemas cardíacos.
Para o leitor entender melhor este artigo vamos resumir as causas de maneira didática:

Fatores que provocam a formação de Ilhas de Calor:
· O efeito de interação/radiação e da poluição atmosférica por gases primários e secundários, também, tomam parte nas alterações locais associdas ás ilhas de calor urbanas;
· O uso de condicionadores de ar, refrigeradores, a fumaça dos automóveis e das indústrias provocam aumento do calor na área urbana;
· A grande concentração de edifícios impede a chegada de energia solar na superfície;
· As propriedades térmicas dos materiais urbanos permitem que o calor seja rapidamente absorvido durante o dia, mas, facilmente liberado durante a noite, gerando uma grande amplitude térmica;
· A impermeabilização do solo, asfaltamento, a retirada da vegetação e a diminuição de rios, lagos e mangues diminuem a evapo-transpiração e aumentam o calor.
· A falta de ventilação devido a construção de edifícios com o gabarito alto, isto é, com muitos pavimentos, sem os recuos permitidos pelo nosso código urbano, ou mais precisamente, permitido pela lei de uso e ocupação do solo presente no nosso plano diretor.

Exemplificando as várias ilhas de calor espalhadas pela malha urbana de Fortaleza citamos o bairro Aldeota, fortemente verticalizado e impermeabilizado possuindo picos de temperatura mais elevados do que a região da Maraponga, ainda com bastantes áreas verdes.

Fatores específicos em Fortaleza de agravamento do fenômeno e interação/radiação e poluição é a ineficácia das restrições para a circulação dos carros. Os carros de grande porte são extremamente poluentes liberam cerca de três vezes mais gás carbônico do que carros comuns e pouco se vê este controle. Em Fortaleza, nós temos muito pouco uso de GNV e álcool, que são boas soluções para a Poluição. O fortalezense não é estimulado, educado no trânsito e não tem segurança para se habilitar a usar mobilidade alternativa. Aqui não é popular o uso de bicicletas, e meios não poluentes. O uso de condicionadores de ar e refrigeradores são extremamente necessários devido ao clima de Fortaleza.

Estes são fatores que agravam intensamente a formação do fenômeno” Ilha de calor”.
Dados de 2005 da frota de veículos de Fortaleza:
· Automóvel - 326.372 veículos
· Caminhão - 16.080 veículos
· Caminhão trator - 2.020 veículos
· Caminhonete - 24.770 veículos
· Microônibus - 2.078 veículos
· Motocicleta - 82.722 veículos
· Motoneta - 2.699 veículos
· Ônibus - 4.628 veículos
· Trator de rodas – 24 veículos
(461.000 veículos aproximadamente)

Concluindo, lamentamos o desmonte do sistema de fiscalização urbana, órgãos que deveriam estar presentes , educando, fiscalizando , orientando o sistema de planejamento e gestão da cidade de Fortaleza. Reformas administrativas desativaram o IPLAM – Instituto de Planejamento do Município e a AUMEF – Autarquia Metropolitana de Fortaleza que representavam os instrumentos de gestão democrática e os órgãos a eles vinculados.

Lembro ainda, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, e a Comissão de Avaliação Permanente do Plano Diretor que está presente no Estatuto da Cidade – Lei 10257/2001 ineficazes. Para a iniciativa privada, quanto menos controle existir melhor. Os índices urbanísticos de construção e relacionados aos espaços urbanos são desrespeitados e obras surgem por força de liminares ( 50 na minha última avaliação) e consolidam-se sem licença, agravando ainda mais as condições de sustentabilidade climática de nossa cidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Penso que as ilhas de calor não são nada comparado com os prováveis danos causados pelo aquecimento gobal.
Apesar disto, as ilhas de calor estão excenssialmente ligadas a organização de nossas cidades e por consequência, ao bem estar de nossa sociedade. Não sou um especialista na área, mas acho que um esforço em tornar a nossa cidade nais verde, o invetimento na melhoria dos sistemas de transporte coletivos e pavimentação alternativa em alguma ruas ajudariam a diminuir o problema.