sábado, 13 de setembro de 2008

O sr. Costume e os 508 desaforos

(Goya)

Rodrigo C. Vargas

Respiramos a coercitividade de um mundo incoerente. Candidatos com processos na justiça? Que noção democrática é essa? Brecht me respondeu: “Pergunte a cada idéia: Serve-te a quem?” É social! A paranóia da exclusão aprisiona. O comodismo imposto reduz o povo a ser platéia. Assim penso eu, se culpar não fosse tão católico diria agora mesmo, sem medo: Somos o próprio mal. Na maior parte dos casos não há qualquer livre exercício de escolha ou de avaliação moral; ao contrário, estes homens nivelam-se à corpos inanimados, fantoches interligados pela vontade de ser igual. Por isso a submissão é plenamente aceita, e pior, disfarçada de bondade. Aquilo que acolhe, a mão forte que nos segura, afaga e aniquila; basta saber se o ameaçamos. Ainda que o Estado fosse composto por pessoas conscienciosas, continuaria a ter injustiça, pois a minoria fora dele poderia representar o medo de uma revolta. Nunca haverá representatividade! Basta entender que para quem governa, ação revoltosa é igual a recomeço.

Tudo já esclarecido em “Do Contrato Social” de Rousseau onde a única forma de exercer um poder legítimo seria por meio do contrato social, ou seja, o ato de alienação total dos indivíduos para com o grupo - Todos se dão completamente a todos. O governo passaria então a ser o segundo passo e não é a matéria de contrato. Seria apenas função e seus membros não seriam diferentes do povo. Como a vontade geral não poderia ser representada, Rousseau era contrário à idéia de representação no legislativo, diferentemente no executivo, já que não seria possível que o todo o povo governasse diretamente. Pois bem, só não podemos esquecer é que mesmo nesse modelo sobra o objeto de discórdia: o valor.

Portanto, primitivo, intelectual, defasado e moderno são apenas adjetivos pontuais numa mediocridade sem norte. Liberdade é produto vendindo em propaganda e não está agregada ao trabalho, e sim na disfunção produzida por seu reflexo. Tudo antes apresentado distintamente nos textos Maquiavelianos “Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio”, divididos em três livros: O livro I abordando o estudo das coisas internas ao Estado Romano; o livro II, os fatos externos a Roma e o livro III voltando-se novamente para os aspectos internos da vida política romana, no intuito de reconhecer os feitos ocorridos na cidade que colaboram para sua grandiosidade. Nesse mesmo livro, no capitulo I, Maquiavel compara a cidade a um corpo político composto por várias partes, os órgãos executivo, as leis, o poder legislativo, as magistraturas. A corrupção é identificada a uma doença que recaí primeiramente sobre alguma parte, mas pode minar o corpo todo.

A pergunta que se faz então é por que nada é feito se reconhecemos as raízes? A resposta não é simples, mas pode ter seu início aqui. Primeiro, por que assumimos o Homem Vitruviano como modelo estético e não filosófico. Vivemos a confortável expectativa de uma suposta evolução que nos faz buscar repetidamente o coito do amanhã, produzindo um esquecimento estratégico dos cânceres presentes. Alegorias costuradas ao prazer imediato, cachorros de Pavlov. N'est pas possible! A declaração de bens dos candidatos, e então São Tomé?

Um comentário:

Lelice disse...

Evoluimos, de fato evoluímos fisicamente o que leva a crer que nossas mentes serão recompensadas pelo bom-senso e o comum. É errado pensar assim ? Se for, eu prefiro insistir no erro.