sábado, 4 de outubro de 2008

A sagrada condição de urgência

(Van Gogh)

Rodrigo C. Vargas

Um corpo imóvel, absolto. Deixado ao toque do tempo, respirando o ar poluído dos pulmões alheios. Alguém vê mais, além. Passos estranhos germinando afeição por um dos lados. Ninguém acredita cegamente no novo. As pontas dos dedos que antes faziam o sangue parado procurar caminho agora enxugam o suor de quem cansou, poro a poro. Naquele exato momento a distância quase acorda o impossível. Olhos entreabertos, braços estendidos. Troca de posição quase epilética, acatisia, sem perder os pés de vista. Agora, outro. Cada pedaço achado no quarto em que estávamos. Uma disputa silenciosa descontrai os músculos, colados. Um detalhe ofensivo, último fora de casa. Na saída, pego o que deixou. Ainda existe lá no canto. Que tal amanhã?

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