Adauto Leitão de Araújo Junior
adauto_br@yahoo.com.br
Historiador
O DNA de Fortaleza está na Barra do Ceará. E por muitas evidencias se pode afirmar de maneira segura que à margem do Rio Ceará é a nossa gênese Étnica e Histórica. Na Barra temos vestígios arqueológicos das primeiras edificações; além de símbolos: o santuário da padroeira Senhora da Assunção e a própria origem do termo Fortitudine. É uma condição exigente no século XXI tratar desse tema com uma postura equilibrada e madura à razão do bem maior da cidade - o Resgate da sua Memória. Não obstante, a falsa "disputa" do mérito territorial original entre os bairros da Barra versos Centro, que só cria desinformação nociva à sociedade; pois atende só a "preconceitos grupais".
Hoje, tanto o Marco Zero de Fortaleza da Barra do Ceará, ao Centro Histórico, à Aldeota Clássica, estendendo-se a pós-moderna Água Fria fazem parte do contexto de uma grande metrópole - já desenhada no séc. XVII por Pero Coelho e Martim Soares Moreno - e que na sua realidade atual precisa ser vista com amplitude.
A empresa pioneira do açoriano Pero Coelho de Souza plantou a semente do desenho territorial acima descrito. Maldosamente atribui-se que Coelho só fez uma "paliçada" e não "prosperou". De fato à margem direita do Rio Ceará no primeiro momento fez a paliça de abrigo da tropa, mas ordenou erigir o Forte de Santiago e a Vila de Nova Lisboa, inaugurados em 25 de julho de 1604, visto que não veio para morar debaixo de uma palha com a mulher Maria Tomázia e cinco filhos. Quanto a terrível seca nunca vista no Nordeste de que foi vitima em 1607, deixou lições que ainda aprendemos para conviver com esta chaga... Da época temos a riqueza da primeira cartografia do Ceará, do primeiro rio navegável e o Marco Zero de Fortaleza.
A Soares Moreno deve-se creditar o mérito - primer inter pares - dos atores históricos de criar o termo Fortaleza: da sua "Seara" (1619) - copiado pelos holandeses "Fortaleza do Siará Grande" (1637) ambas edificações da Barra do Ceará são expostas orgulhosamente em museus nacionais de Lisboa e Amsterdã. Na Barra chegou à imagem de Nossa Senhora da Assunção em 1621 a pedido de Moreno - a Padroeira - o Santuário é ad eternum da Barra. Álvaro de Azevedo incorporou a tradição lusa da Barra com título: "Fortaleza da Assunção" no Centro (1654). Dom Pedro I tentou impor o gentílico "de Nova Bragança" para Fortaleza (1823).
Hoje temos o símbolo "Fortitudine" que é único e democrático - do Povo. Honestamente políticos, intelectuais e a cidadania fortalezense devem uma mea culpa à Barra do Ceará e ali reconhecer 404 Anos de Fortaleza. A massa originaria e sempre presente à margem do rio Ceará mantém a História viva. O DNA de Fortaleza está na Barra do Ceará e para nosso orgulho na construção do Brasil, dentre outras principais capitais com mais de quatro séculos.
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2 comentários:
Eu nunca tinha reparado nesse fato: a "briga" entre os bairros pela legitimidade do início de nossa cidade. O Centro é escancaradamente privilegiado nesse sentido. Reconheçamos a importância da histórica Barra do Ceará
Renato Corleone
com certeza toda historia do ceará começou na barra como o adauto falar
ele sim falar a verdade.
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