sábado, 15 de maio de 2010

Prazer, eu sou eu mesmo

(Picasso)

Rodrigo C. Vargas

Aos que não compreendem a mudança, ofereço A Genealogia da Moral de Nietzsche como primeiro expoente: "A tendência ao esquecimento não se reduz a uma vis inertiae (força de inércia) como crêem os superficiais, é muito mais um entrave ativo, uma faculdade moderadora, à qual devemos de fato de que tudo quanto nos acontece na vida, tudo quanto experimentamos , se apresenta à nossa consciência durante a fase de "digestão" (que poderia chamar-se "inspirituação") que o conjunto processo de mil facetas, segundo o qual se efetua nossa nutrição corporal, o que pode ser chamado "incorporação"."

O segundo expoente revelo que "incorporo" todas as experiências e desejo que façam o mesmo. Estar numa outra casa, fazendo outra coisa, de maior absorção, não significa regredir. Eu estou feliz. Uso minha capacidade intuitiva e profissional para desferir os mais nobres golpes na construção de uma linguagem universal que aprendi a respeitar no berço de minha vocação para o jornalismo. Aos que preferem me ver sentado no meio de um cenário escuro, vomitando minhas interferências para algumas dúzias, respeito. Aos que entendem que aquele é o meu lugar, aconselho: ninguém deve impor ao outro uma experiência que não lhe pertence.

Meu passado está vivo e nunca será apagado. O que desejo é não ser o mesmo todos os dias. Não deixei no fim de 2009 o que alguns chamam de intelectual, nem muito menos o roqueiro, o tradutor, o coordenador de jornalismo ou o vj. Por que todos são um só. Não levo jeito para o eterno retorno do mesmo.

O terceiro expoente não é uma porção menor. É apenas o questionamento inicial que sugiro que façam. O que é essencial, estar ou ser?

5 comentários:

Aletheia disse...

Sinceramente, isto não passa de justificações filosóficas que mal ocultam um cálculo egoístico que opta pela mídia corporativa que sedimenta a desigualdade e ilude as massas, calculo este que voce tambem aprendeu quando criança e que foi mais forte que a sua opção primeira pela inteligência e desalienação.
Adorno não concordaria jamais com Parangolé...além disso, a mídia prostituta do lucro não se coaduna por sua própria natureza com a profundidade e o zelo crítico, e você sabe disso...esperamos mais de você...

Vertebral disse...

Querida Aletheia. Já nos encontramos várias vezes por aqui e sempre foi elogiosa. Nunca deixei de responder e não será agora. Agradeço por vir aqui criticar, só não entendi bem o q quis dizer com "cálculo egoístico que aprendi quando criança", nem a parte "a sua opção primeira pela inteligência e desalienação". Olha vc precisa entender uma série de coisas. A primeira delas é sobre o Adorno. Não se pode confrontar o Parangolé com as idéias frankfurtianas pq elas apontavam para o rádio e a comunicação de um período específico, como está claro no texto adorniano sobre a digressão da audição. A segunda é sobre o sentido de meu artigo: quando uma "justificativa" deixa de ser filosófica? A terceira é sobre a inteligência. Peço que procure entender que não abandonei meu discurso, só estou praticando de uma outra forma. Muitas vezes discuti assuntos de interesse público e fiquei falando sozinho. Dei minha contribuição. Fiz muito mais nesses 4 anos de mesa do que muitos jamais conseguirão fazer. Sei que alguns poucos sentem ciúme quando veem algo que consumiam praticamente de forma privada distribuído em público. É uma questão intima e patológica. Não tenho como ajudar nesse caso. Só mais uma coisa, quanto a ilusão das massas, não é por conta do que consomem mas também pq consomem o q n precisam. Grande abraço e espero mais desses encontros. Como já disse, estou lúcido.

Aletheia disse...

Desculpe-me se pareci ofensiva, não foi meu intuito, apesar de querer criticar sim uma escolha que eu, acredito, deve ter muitos fatores exteriores até mesmo a você. Sou professora de filosofia e sociologia. Ganho pouco.Estou terminando o mestrado e mal tenho tempo para prazeres simples como ir ao cinema. Mas foi uma escolha muito bem pensada e pesada, abri mão de bens materiais, abandonei uma carreira reconhecida e que me dava muito mais recursos, para poder fazer aquilo que realmente acredito. Não é fácil, não é simples, mas é o que me faz feliz (mas espero sinceramente poder ganhar mais em breve..rs). Eu quis dizer que penso que você, assim como eu e a imensa maioria das pessoas, fomos formados para conquistar fama e dinheiro, em maior ou menor grau, e isso importa mais do que nosso caráter ou personalidade. Um canalha rico é tolerado, um pobre não, é a vida nesse mundo estranho. Me parece que você é mais jovem que eu (tenho 36), então fomos formados pela mídia que não preza pela iluminação das mentes, ao contrário. Acredito que você, assim como eu, pensa em mudar o mundo, percebe que valores foram perdidos e as pessoas estão cada vez mais alienadas, dando aos outros o domínio de si mesmos. E eu acreditava, pelos debates que você presidiu por tanto tempo, naquilo que você dizia.
Quanto ao Adorno, que imensa perda seria não utilizar o conhecimento que temos dele, e também todo o conhecimento que a história nos deixou e adaptarmos à uma nova realidade. Estudo os clássicos, literários e filosóficos, e vejo um pouco de Ésquilo quando leio Dostoievsky, ou Platão na política moderna, entre tantos outros. Que bom que é assim, podemos aproveitar as mentes brilhantes que nos sucederam para ao menos tentar compreender o mundo e, quem sabe, mudá-lo. Foi isso que eu quis dizer quando falei que sentia mesmo que você abandonasse os “poucos” (não acho que tão poucos assim) que com suas discussões paravam para pensar além do que a mídia impõe para poder chegar a uma quantidade maior de pessoas com mais um programa de entretenimento e, me desculpe, dos mais simples. Sinto que você não está à vontade no novo programa, ao contrário do outro rapaz. As meninas se esforçam, mas no fundo o programa parece falso, mas admiro sua atitude de tentar justificá-lo. Pode ser que, com o tempo e o crescimento do programa vocês possam ir adiante e apresentar mais que diversão rasa. Acho difícil, mas espero estar errada.
Para te dar o direito de me criticar também: www.erikabataglia.blogspot.com - www.twitter.com/ErikaBataglia ou Erika Bataglia no orkut. Fique à vontade :)
Um abraço,

Vertebral disse...

Olha Aletheia, n tem pq se desculpar pela critica. Deveria fazê-lo sim pelas conjunções condicionais. Como professora de tão nobres e admiráveis ciências deveria respeitar o q n conhece. Me sinto lisonjeado por sentir falta d q eu dizia mas n pode querer deduzir os motivos de minha mudança de emissora pq só eu sei. N tem nada haver com dinheiro e muito menos com a direção do rio, se é raso ou fundo. Cuidado com as palavras, elas são ricas. Eu, diferentemente de vc, n fui "formado para conquistar fama e dinheiro". Fui formado para ser jornalista e é isso o que eu sou. Se o programa te agrada ou n, é uma questão pessoal e realmente eu sinto muito. Quanto a minha vontade, eu acredito no q faço e estou muito bem, buscando aprimorar o conteúdo de minhas matérias q são moldadas pelo jornalismo gonzo. Procure ler sobre o assunto. Eu tenho orgulho do q fiz na Tv União e agradeço profundamente aqueles q paravam para me ouvir. Gostaria de pedir que agora vejam, sem justificativas é claro. N me entenda mal, n estou sendo rude. Estou apenas respondendo suas colocações. É q eu acho estranho. Não parece levar em conta as particularidades tão importantes e decisivas na pesquisa acadêmica. Você generaliza. Eu não faço parte da média. Minha mudança está apenas no começo da mesma história. Tire suas conclusões quando tudo terminar. Deveria já q busca compreensão na sua atitude de tomar o caminho q escolheu, preservar as escolhas q n foram feitas por vc. Continue esperando por mim. Beijo

Aletheia disse...

Oi, acho que me expressei mal mesmo, não quis dizer que ser criado para buscar poder e prestígio fez parte da minha vida, que é pobre e nem conhecia esse tipo de incitação ideológica, mas que é a busca das pessoas em geral, e que bom que parece que você também não faz parte disso. De fato acho que seu talento está sendo desperdiçado, poucas pessoas tem uma visão tão interessante quanto a sua e perder isso, num mundo onde a maioria das pessoas já não se importam em pensar, é uma pena...com certeza você deve ter bons motivos para isso, talvez este seja um degrau para um voo mais alto e com mais liberdade no futuro (próximo, tomara)e se for realmente assim com certeza estarei esperando! beijo