Carlos Eduardo Pestana Magalhães
cepmagalhaes@gmail.com
Jornalista e sociólogo
“As 8:15 da manhã de 6 de agosto de 1945, quando os moradores de Hiroshima estavam começando o dia, um avião americano B-29, chamado Enola Gay, soltou uma bomba atômica chamada ‘Little Boy’, com 12,500 toneladas de TNT, que detonou 580 metros acima do Hospital Shima próximo ao centro da cidade. Como resultado do ataque, calor e incêndios, a cidade de Hiroshima foi destruída e 90 mil pessoas morreram naquele dia. Três dias após destruir Hiroshima, outro avião B-29 atacou a cidade de Nagasaki com a terceira arma atômica mundial. O ataque resultou em mortes imediatas de 40 mil pessoas. Até o final de 1945, 145 mil pessoas tinham morrido em Hiroshima e 75 mil em Nagasaki. Mais dezenas de milhares de pessoas sofreram ferimentos sérios. Mortes entre os sobreviventes continuaram nos próximos anos devido aos efeitos da radiação que também causou o nascimento de bebês com má formação.” O texto “Lembranças de Hiroshima e Nagasaki”, escrito em agosto de 2003, pelo presidente da Nuclear Age Peace Foundation, o norte-americano David Krieger, começa assim mesmo. Para os que ainda acreditam em histórias da carochinha e lendas do tio Bush, é hora de crescer. Moçada! Duendes não existem, só o saci pererê...
A destruição das duas torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, no dia 11 de setembro de 2001, por terroristas da Al Qaeda, é fichinha perto do que os militares e políticos dos EUA fizeram com o Japão, em 1945. Bin Laden é criancinha de colo, quase um recém nascido, se comparado ao presidente Truman, homem que em última instância, aprovou a ordem de lançar as duas bombas atômicas sobre a ilha japonesa. Todos, realmente todos, sabiam que o Japão não tinha mais condições de continuar lutando contra os EUA. A guerra tinha acabado de fato. E mesmo assim, para impressionar os “aliados” soviéticos, os ianques não titubearam em matar mais alguns milhares de “japas”. Afinal, um sacrifício em boa causa pelo domínio político-militar dos gringos na região. E depois, era necessário vingar Pearl Harbor e seus mortos. Sendo assim, “morte para os olhinhos puxados” e quem sabe se eles aprendem e nunca mais fazem a mesma coisa. “Olha o respeito, seus amarelos de merda! Estão pensando o quê?” O Japão se transformou, por muitas décadas, em uma excelente base militar para a expansão e solidificação dos interesses norte-americanos na Ásia – China, Coréia, Indochina, Filipinas etc. E além do aviso de “Cuidado, seus vermelhos! Temos bombas nucleares prontas para uso imediato”, voltados unicamente para os ursos soviéticos, qualquer atrito mais sério que pudesse acontecer contra eles poderia ser respondido “manu militar” rapidamente através do Japão. E tasca bombinhas neles! “Vê lá, seu comunista comedor de criancinhas! Se vier, jogo bombas no seu colo! Fica na sua!”
Como sempre aconteceu na história das conquistas militares do homem, o uso de táticas terroristas foi a tônica. Todos usaram e ainda usam esta forma de lutar. Quando se é o vencedor ou se está do lado de quem está ganhando, tudo bem, faz parte, são apenas danos colaterais a se lamentar, algumas vidas perdidas em função da guerra etc. Nada muito sério, até porque os mortos são, na sua maioria, gente de outro lugar, de outro país, com costumes estranhos, meio bárbaros, pele escura, cheiram esquisito, são pobres que não tinham nem eira e nem beira, quem sabe se a morte pode até ser uma benção, sabe como é, eles não têm nada mesmo... Alguns soldados nossos também morrem, mas afinal são soldados profissionais, escolheram esta profissão sabendo dos riscos que corriam, são gente pobre que se alistam para poderem ter alguma chance na vida e eu, a bem da verdade, nem sei quem são e nem quero saber, mas têm a obrigação de defenderem o país dos seus inimigos e, nesta profissão, morrer faz parte, podem virar heróis, ganham estátua na praça, tudo muito chique... Muita merda, muita mesmo, é o que se ouve.
Então, verdadeiramente, Hiroshima e Nagasaki foram o maior ato terrorista da história. Nada foi mais explícito e total que as duas bombas atômicas lançadas nas duas cidades. Terrorismo puro, um exemplo de eficiência no uso de armas de destruição em massa (ADM), aquela coisa que o “capo” Bush dizia que havia no Iraque do seu “cumpadi” Saddam Hussein. E por isso, pela não existência destas tão temidas ADM em solo iraquiano, que o país de Bush tem de montão, saindo pelo ladrão, mata-se a granel. O genocídio corre solto e com ampla cobertura da mídia. E tudo justificado pela vingança do 11 de setembro. “Caramba! Não aprenderam com os japas”? Por aqui é assim mesmo. John Wayne ainda impera e ordena claramente. Saquem suas pistolas, atirem, contem os mortos (de preferência os nossos, é claro!), saqueiem o que puderem e fiquem no lugar. Se tentarem voltar, aniquile-os com tudo que puderem usar. Tudo é permitido, vale qualquer coisa para destruir os terroristas... Terrorista? Terrorista quem, carapálida? Já disseram que a história quando se repete é como farsa. O problema que eles não tão nem aí para a farsa. Ao contrário, fazem uso dela naturalmente. Farsa por farsa, por que não usar umas bombinhas atômicas de vez em quando? Servem as de urânio empobrecido, mesmo que sejam mais radioativas e perigosas para todos que estejam por perto. Depois a gente fala que os terroristas eram maldosos, facínoras, fanáticos, violentos ... amarelos, escuros, islâmicos, comunistas, hispânicos... Você é terrorista. Por que não?
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Um comentário:
A mídia é totalmente influenciada pela filosofia americana. Chamar iraquianos, que tiveram seu país invadido, de terroristas? Assim não dá!
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