domingo, 31 de agosto de 2008

Anistia generosa demais


Coronel do Exército na Reserva José Batista Pinheiro
batistapinheiro30@yahoo.com.br
Graduado pela AMAN
Mestrado em Ciências Militares

Nenhum movimento rebelde no mundo concedeu uma anistia aos derrotados tão ampla, geral, irrestrita e generosa quanto a revolução anticomunista de 64. Em outros países, na grande maioria dos casos, os vencedores ao invés do perdão concediam aos derrotados a honraria de um pelotão de fuzilamento.

O então presidente Geisel, achando que a democracia no Brasil já estava consolidada, resolveu perdoar os banidos, exilados e fujões que, alegando perseguição política, se homiziaram em países estrangeiros. Foi um grande erro de avaliação dos governantes da época. O presidente João Figueiredo chegou a dizer ”lugar de brasileiro é no Brasil”.

Passados alguns anos os perdoados pagaram com uma tapa no rosto àqueles que lhes deram a mão trazendo-os de volta à pátria querida. Sedentos de ódio e vingança, após conquistarem o poder, partiram para a revanche sem pudor e sem piedade. Começaram a chover aos borbotões as acusações levianas e mentirosas de prisões de inocentes, maus tratos a presos e assassinatos cometidos somente pelo lado do antigo regime, denominado por eles de “ditadura militar”, contaminando a cabeça da emergente geração de brasileiros que hoje pasma em pensar nos anjinhos subversivos da época que não cometeram nenhum crime, a não ser, o de sonhar com um Brasil “livre e democrático”. Como perdedores, os anistiados ainda ganham polpudas indenizações.

Para a desgraça e castigo dos generosos e ingênuos “filhos da ditadura” que ainda estão vivos, os ingratos anistiados querem a revogação da Lei da Anistia, elaborar uma nova lei para processá-los, julgá-los e condená-los por crimes contra a humanidade e, quem sabe, levá-los ao paredão. Não confio nessa gente! Já estou fazendo as minhas malas para me exilar no Iraque.

sábado, 30 de agosto de 2008

Fotografando o ENCA


José Albano
Fotógrafo
Graduado em Letras pela UFC
Mestrado em Fotografia na Syracuse University, Nova York

Para mim, fotografar o ENCA (Encontro Nacional de Comunidades Alternativas) se tornou uma obra de amor. Vivencio a dificuldade de me dividir entre participante e ob­servador e também a di­ficuldade de controlar minhas emoções, pois várias vezes tive o visor da câmara embaçado pelas minhas lágrimas...
Outro tipo de emoção é registrar, ano a ano, o crescimento das crian­ças... Algumas, que fotografei quando ainda eram bebês, agora já entram na adolescência.

Ir pro ENCA com a missão de fotografar tambem significa para mim a oportunidade de conheçer belos recantos desse imenso Brasil que percorro, quilômetro a quilômetro, na minha velha motocicleta, enfren­tando sol e chuva, calor e frio...

O ENCA é também uma desculpa, um pre­texto que ofereço como explicação para me ar­rancar das rotinas e exi­gências profissionais do mundo moderno onde tenho que trabalhar para sobreviver. Sair de moto pelas estradas, acampan­do na minha barraca no que parece ser uma viagem de férias, fica me­lhor aceito quando digo que estou viajando a ser­viço! E a serviço estou mesmo: a serviço de uma nova proposta de vida que estou registrando com minha câmera, meu olho e minha alma. E com estas fotografias, espero levar ao público uma mensagem de espe­rança: a boa notícia do que se pode fazer para reverter o quadro atual de abuso ecológico, de medo, de frustrações e ameaças à saúde física e emocional da humanida­de, resultantes da violên­cia e das dificuldades impostas por essa cultura de massa, voltada para o acúmulo de bens mate­riais, o consumo de su­pérfluos, o individualismo e a competição, que estão levando ao esgota­mento a vida e o habitat do homem moderno...

Nem Rússia nem Geórgia, que viva o povo!


Carlo Romani
caromani@ig.com.br
Doutor em História Social pela UNICAMP.
Professor de História Contemporânea, UFC.

Semana retrasada, durante a celebração olímpica da sociedade mundial do consumo e da competição, talvez até se aproveitando da direção oriental dos holofotes midiáticos, eclodiu um novo conflito bélico no Cáucaso. Desta vez, o estado russo, através de seu exército, invadiu a recém criada (havia pouco mais de dez anos) República da Geórgia. Antes dela, desde o início do desmembramento em 1993 da CEI, a Comunidade de Estados Independentes, esse fantasma que antecedeu a criação da federação Russa, o Azerbaijão, a Ossétia, a Armênia, a Chechênia, algumas dessas atualmente já repúblicas independentes, passaram por episódios de tensão semelhante de modo mais (caso da Chechênia) ou menos violento (caso do Azerbaijão).

Espólios da antiga URSS, ricos em petróleo e gás, via de passagem dos oleodutos que ligam as refinarias do porto de Baku no mar Cáspio ao de Novorossiysk no mar Negro, esses territórios montanhosos, num passado distante refúgio de comunidades autônomas de pastores, tornaram-se minas de ouro negro disputadas pelo capital internacional, pelos emergentes potentados políticos locais e pelos novos condutores do renovado império russo, muitos deles astutos burocratas enriquecidos com o assalto ao velho edifício do estado soviético.

A bem da verdade, pelo menos da minha, de soviético nada teve o último S daquela sigla até porque soviete significa em russo conselho autônomo, mecanismo participativo de gestão política que se choca frontalmente com a direção sob controle de um comitê central de partido. De socialista, o penúltimo S, se pensarmos nas diferentes proposições seminais de socialismo formuladas ainda na primeira metade do século XIX, distanciamo-nos ainda mais: com boa vontade podemos falar em capitalismo de estado. O R de república demonstra outro paradoxo intransponível de uma revolução que buscou alcançar a utopia comunista e que se conformou em reduzir-se a um pseudo-sistema federativo de conselhos locais sob a tutela do Politburo. E a união a que se refere o U que encabeça a sigla somente foi mantida com a força do glorioso exército vermelho e o terror da KGB.

Desmoronado a ditadura do Kremlin, entre 1991 e 1994 seguiu-se disputa de foice entre bandos armados que geraram diversas organizações mafiosas empenhadas em demarcar seus territórios e retalhar o controle sobre as atividades econômicas. As principais delas, máfia russa que junto com a cazaque controlam a distribuição da heroína dentro e fora da Europa, e a ucraniana responsável pelo esquema de prostituição proveniente de todo o leste europeu. No Cáucaso, transformado em rodovia da energia consumida na Europa, populações históricas de diversas etnias, seguindo orientações religiosas diferentes, ortodoxa e muçulmana, arraigadas em sua maioria ainda a valores culturais camponeses e familiares tribais, reproduzidos no espaço coletivo das comunas, tem de conviver com a disputa armada entre bandos de locais e de russos pelo controle político territorial. A Geórgia hoje, apesar de no estatuto de direito da ONU configurar como estado independente, na prática goza quase que da mesma dependência a Moscou que a sua vizinha Chechênia. Estaríamos então aqui defendendo a Geórgia contra o russo opressor? Também não nos parece ser esse o caso, pois seja sob o comando do estado russo ou do da Geórgia, a população georgiana, e esta é a grande vítima da guerra, vive oprimida, e em condições sociais de modo até mais miserável do que a nossa conhecida situação latino-americana.

O território da atual Geórgia, ao longo de sua história, nunca se organizou em forma de um estado independente, à exceção do breve período da guerra civil na Rússia, entre 1917 e 1921, quando forças militares britânicas criaram um governo local logo conquistado pelos bolcheviques e incorporado à URSS. Antes disso, a região que se convenciona chamar de Geórgia esteve quase sempre sob tutela do império russo. Por vezes invadida pelos turcos em incursões guerreiras desde meados do século XV, o povo residente nessa bela paisagem montanhosa, apesar de pertencer aos dominios do czar, sempre pôde organizar sua vida de forma autônoma com base no conselho dos anciãos de cada aldeia, uma vez que a servidão na região caucasiana era praticamente inexistente. Espremida entre a Chechênia ao norte (confins com a Rússia) e a Armênia ao sul (confins com a Turquia) até por estar distante e protegida dos dois impérios litigantes, a Geórgia foi, entre as províncias do Cáucaso, aquela que teve maior autonomia e manteve melhores relações com São Petersburgo e, mais tarde, com Moscou. O dirigente que permaneceu mais tempo no poder soviético, Stalin, era georgiano de nascimento, se criou e depois rompeu com o partido socialista (menchevique) da Geórgia antes da revolução, e levou consigo uma camarilha de confiança famosa por sua atuação violenta, que se perpetuou nos altos escalões do PCUS.

Então, apesar de ser objeto de repúdio qualquer agressão armada como é o caso da invasão do exército russo dentro do território georgiano, não nos interessa aqui discutir as causas conjunturais e a ilegalidade ou a ilegitimidade da ação. Neste ensaio, a preocupação é a de alertar que muito além de uma guerra entre duas nações, trata-se de uma disputa entre bandos obcecados pelo poder, pelo controle político de uma região estratégica do ponto de vista econômico para o capitalismo internacional, em que suas vítimas inocentes pouco ou nada têm a ver com a guerra. Em O Prisioneiro do Cáucaso, de Sergei Bodrov, adaptação feita em 1996 para o cinema do conto homônimo de Tolstoi ambientado na primeira guerra entre Rússia e Chechênia, uma mãe russa encontra-se com um pai checheno para tramarem por conta própria a libertação e troca de seus filhos: um soldado russo refém de guerrilheiros chechenos e um ativista desse povo confinado numa prisão militar do exército russo ocupante em Grozny. Quando as pessoas por si só decidirem enfrentar os governantes e estados que os oprimem sem temerem a própria morte, então as palavras de Tolstoi, da desobediência civil como forma de luta de todos os povos contras as opressões, as guerras e as tiranias, poderão ajudar filhos e mães a não sofrerem mais pela passividade e inércia na condução de suas vidas.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Nostalgias aromáticas


Daniel Lins
Sociólogo, filósofo e psicanalista, com doutorado em Sociologia - Université de Paris VII - Université Denis Diderot (1990) e pós-doutor em Filosofia pela Université de Paris VIII (2003).

Na arte culinária da Ásia, a China ocupa um lugar preeminente. E, afora a Ásia, o ocidente se deixa paulatinamente se domesticar pelos aromas da China, ora imperceptíveis, ora demasiadamente acentuados, cuja gastronomia é signo de distinção, prazer lícito de compartilhar. Não se come para « encher a barriga », mas para entrar em relação com o cosmos, com a humanidade no plural ; não existe a arcaica separação ocidental entre natureza e cultura.

A mesa, o banquete é para o chinês um momento de sagração em que uma teologia do estômago une todos em torno do grande TODO : o mundo ampliado, para além do homem. A culinária é uma das expressões da civilização marcada pelo panteísmo : tudo é humano, tudo é divino. A dualidade é um cacoete gramatical.

Confucius (551–479 AV JC) ignorava a arte de guerra, mas conhecia a gastronomia. O conjunto das tradições culinárias é um tesouro da humanidade, que sobreviveu, inclusive, à Revolução Cultural de Mao Tse-Tung !

Na China contemporânea, almoço festivo e banquetes oficiais perduram. O prestígio, o conhecimento e a simbólica vinculados a arte culinária estão inseridos à ordem/caos do universo. O ocidente conhece pouco as tradições das cores dos pratos chineses, a expressão de seus aromas, receitas defumadas e sabores proustianos carregados de nostalgias aromáticas ou memória-involuntária.

Sabe-se apenas que existe na China cinco estilos culinários regionais : Cantão, cidade da grande gastronomia, Pequim, com seus saborosos pratos às mil especiarias, e três outras da célebre e refinada Escola de Setchouan, de Fou Kien e de Honan que fazem na bolsa de valores a alegria de alguns empresários, sobretudo ao desenvolver receitas adaptadas, ou ao manter a tradição milenar do pato laqueado. Ave da família dos anatídeos, aquática, o pato é conhecido na China há mais de dois mil anos. É apreciado pela qualidade de sua carne e seu fígado, o famoso foie gras, importante na gastronomia e economia francesas. Quanjude, a mais antiga empresa de pato de Pequim, com quase 150 anos, entrou na Bolsa em 2007, calcula alcançar o lucro de 8 milhões de dólares/ano. A barraquinha de pato, fundada em 1864, sob a dinastia Quing (1644-1911), é hoje uma empresa que mantém 15 restaurantes e 60 franquias, 5 fora da China. Em 2007 foram vendidos 3 milhões de patos. Durante as Olimpíadas, turistas provaram panquecas de pato e outras guloseimas. Eis uma das receitas que engrossa à fortuna de Quanjude, o pato laqueado:

Ingredientes :

3 colheres (sopa) de 6 especiarias misturadas: coentro seco em grão, cravo, canela, cuminho, gengibre em pó, noz-moscada.

1 pato de um quilo e meio.

10 colheres (sopa) de molho de soja.

10 colheres (chá) de mel.

Suco de 2 laranjas e 2 limões;

1 copo d´água.

Modo de preparar :

A. Preaquecer o forno (230°C) durante 15 minutos; a seguir, colocar o pato inteiro para assar, previamente limpo. Durante esse tempo, preparar o molho com o suco de laranja e limão, a água, o molho de soja, o mel e as 6 especiarias, previamente misturadas. Com um pincel, besuntar o pato; uma vez aromatizado, levá-lo ao forno durante 20 minutos.

B. Retirar o pato e abaixar o forno para médio. Besuntar outra vez o pato. Deixá-lo no forno 5 minutos.

C. Retirar o pato do forno, virá-lo e com um pincel repetir a operação.

D. Colocá-lo outra vez no forno durante 1 hora; com o pincel repetir a operação a cada 20 minutos. Uma vez pronto, cortar o pato em pequenos pedaços. Aproveitar todo o molho. Servir com arroz branco.Um vinho tinto seco, de qualidade superior, acompanha esse prato.

A China e a França são hoje os dois países cuja arte de comer bem se reverte em riqueza cotada na bolsa. Mas, se há um nome, na França, e um lugar associado ao pato, é Frédéric, chefe do restaurante parisiense La Tour D’Argent. A receita do “Pato à Imprensa” ganhou celebridade.

A técnica consiste em servir tiras de filé de pato aromatizado com um molho à base de conhaque e vinho Madeira e especiarias secretas. O sucesso levou Frédéric a numerar cada prato servido. O “Canard à la Presse” entrou na História, a partir de personagens históricos: o numero 53 211 foi servido ao imperador Hiro Hito, o 185 387 à rainha Elizabeth e o número 253 652 a Charles Chaplin.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Comédia grotesca


Américo Souza
fortamerico@oi.com.br
Licenciado em História pela UFC
Mestre em História Social pela PUC-SP
Doutor em História Contemporânea pela UFF

Quando o Kosovo declarou unilateralmente a sua independência, o Ocidente democrático estalou de gozo e aplaudiu o gesto. A Guerra Fria terminou em 1991, mas a mentalidade que definiu o período continua a correr nas veias dos nossos democratas, para quem, ainda hoje, vale o princípio de que, tudo o que é ruim para a Rússia é, necessariamente, bom para o Ocidente. Lembro que, à época, Angela Merkel, uma das raras lideranças políticas do mundo que não vive no reino da fantasia, mostrou preocupação com o episódio kosovar. Mas, perante os festejos de Washington e Londres, a maioria se curvou e reverenciou.

Infelizmente para os “democratas”, a Russia possui uma espinha menos flexível que aquelas de suas graciosas ginastas olímpicas. Aceitar a independência do Kosovo significava, para começar, que Moscou estaria disposta a abandonar um aliado tradicional como a Sérvia. Mas significava, sobretudo e, acima de tudo, que a Rússia aceitaria de bom grado o estatuto de inferioridade que o Ocidente tem lhe reservado nos mais recentes confrontos diplomáticos e geoestratégicos.

Seis meses depois, começa a ficar claro que o Ocidente jamais devia ter tratado da questão kosovar com tamanha cegueira. Como, também, não devia ter prosseguido com sua política de humilhação à Rússia, prometendo a ex-repúblicas soviéticas (como a Ucrânia) insensatas adesões à União Européia e à OTAN.

Quando os tanques russos invadiram a Ossétia do Sul e atacaram os georgianos (militares e civis), com particular brutalidade, eles não estavam apenas defendendo cidadãos russos, como o Kremlin alega. Estavam enviando um recado a Washington para que pare com “o cerco”.

Desnecessário é dizer que Washington não tem qualquer legitimidade para falar contra a Rússia. Pior, a guerra em curso tem as impressões digitais do Ocidente em cada bala e cada cadáver. Primeiro, porque ninguém gosta de ser cercado. E, depois, porque o precedente kosovar abriu uma caixa que não voltará a se fechar. Aceitar a independência do Kosovo, mas recusar iguais pretensões à Ossétia ou à Abkházia será um exercício de comédia. Grotesca, aliás.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Verdade provisória (um todo de sentido)

Rodrigo C. Vargas

O retorno às abstrações como falha na forma de pensar por um lado preocupa, por outro, deixa claro o direito de não termos nada a dizer. Direito esse sucumbido segundo Gilles Deleuze pelos meios de comunicação de massa “transbordando-nos de palavras inúteis e de uma quantidade demente de falas e imagens”. Vou além, as relações de troca submetidas a esse condicionamento repetitivo nos afoga em tolices, construindo falsas sensações de reconhecimento quase que absoluto. O que agrava ainda mais o plano é a busca por um equilibrio sustentado em sua maioria pelo afastamento ou solucionamento de nossos fracassos - através da analise - como se o caos não fosse alicerce para a construção definitiva e substancial de qualquer idéia criativa. “A besteira nunca é muda nem cega”. E essa nuvem não é passageira.

O reconstrutor de narrativas deve ser criativo, nunca reflexivo – “distinguir a percepção, a afecção e a ação como três espécies do movimento”. Ta aí: o movimento a base para o entendimento discursivo. É preciso encarar “em vez de fingir ignorar os movimentos reais para fazer deles objetos de negociações, se vai reconhecer de imediato o ponto último e a negociação se fará da perspectiva desse ponto último admitido de antemão”. Ao apontar essa lacuna Deleuze revela o quanto anestesiado estamos diante de nossas falhas de performances, antes resolvidas e sustentadas pela percepção, hoje emolduradas por algum psicólogo. “Não existe verdade que não “falseie” idéias preestabelecidas”.

Ora, como resgatar a subjetividade de um mundo controlado pelo óbvio? “O que é preciso é pegar alguém que esteja “fabulando”, em flagrante delito de fabular. Então se forma, a dois ou em vários, um discurso de minoria” - É preciso forjar o desgarro da terra, dos comuns, se transformar em pó, estabelecer não-metas, se tornar minoria para alcançar o não-óbvio. O cotidiano novo violenta a personalidade imprimindo sempre vez mais um universo de crueldade manifestado pelo infantilismo. Como um dia escreveu Lindon “ Não se nota a ausência de um desconhecido”. É a crise dos que não são notados mas aparecem - 0 caos sem mudança - que toma conta de espaços construídos e abraça a literatura, braço direito do inconformismo, afetada pela audácia de poucos que acham muito, perplexa por um novo sentido falsamente resolvido do ponto de vista das drogas (íntimas ou não) que paralisam e escondem o medo. É preciso seguir.